quarta-feira, agosto 24

Lembranças de Natal,

A casa está cheia mais uma vez, todos felizes comendo e contando histórias. É noite de Natal. As crianças correm pelos corredores da casa, deixando suas gargalhadas ecoando pelo resto do ambiente.
Na cozinha as mães ajeitam os pratos e relembram as travessuras dos tempos passados. Na varanda lateral os homens falam sobre economia e seus projetos concretizados. O cheiro da rabanada quente envolve a todos fazendo o apetite crescer ainda mais. Há curiosos na beirada da árvore tentando descobrir nomes nos pacotes.
No quintal as árvores estão enfeitadas com luzes brancas em todo o seu caule. A televisão passa programas especiais que prende a atenção de uns. O sentimento é de harmonia. A noite parece não ter fim.
Um fino sereno cobre os carros na calçada e a rua está vazia. Na sala de estar os preparativos estão encerrando-se. Todos estão atentos para o chamado do jantar. Todos estão felizes pela alegria compartilhada. A bisneta de laço azul no cabelo observa tudo. Se sente orgulhosa por ter aquela família tão linda. Orgulha-se pela noite mágica que Deus proporciona todos os anos a toda aquela gente. Seu pensamento vai longe.
A matriarca chama a todos. O jantar está servido.

Karen Garcia

Eram finais de semana,

Quando menina o cenário dos finais de semana era o quintal da casa da bisa. As primas vinham da cidade vizinha para o final de semana em família. Era festa quando juntavam os sete.
Brincavam de pique, subiam em árvores, jogos coloridos de tabuleiro e gincanas com provas. Quem comia mais pitangas em menos tempo, quem subia na árvore mais alta.
Uma pausa para o almoço. As crianças faziam fila perto da torneira para lavar as mãos e os pés. Sempre tinha um que tentava subir.
Na mesa eram servidos e alertados para não fazer bagunça, sempre era uma festa. Só saiam da mesa se comessem tudo, e a ansiedade de voltar a brincar era deixada um pouco de lado quando falava-se em sobremesa.
A tarde seguia. Em torno das cinco, todos iam para o banho. Era uma missa decidir a ordem de limpeza da trupe. Sempre tinha um rebelde para tomar banho no banheiro de fora para acabar primeiro, mesmo com a água gelada.
Depois de todos limpos e engomados, sentavam-se a mesa novamente para tomar o lanche da tarde. Com as tensões amenizadas comiam e ouviam histórias. O plano em seguida eram os jogos de tabuleiro na varanda. Rendia o começo da noite.
 “Mais meia hora e vamos todos entrar.” Dizia a tia com as mãos na cintura. Obedientes, em máximos quarenta minutos estavam todos lá dentro guardando os jogos.
Chegada a hora de dormir, todos tomavam um copo de leite com biscoito e iam escovar os dentes. Já de pijama, entravam no quarto da bisa e em torno de sua cama rezavam todos juntos. Pediam benção e iam dormir.
No quarto contavam histórias de heróis e fantasmas cada um em sua cama. Pouco a pouco o sono tomava conta. Amanhã era domingo e o dia terminaria pela metade. Segunda feira tinha escola.

Karen Garcia