sexta-feira, julho 15

Por Nick Farewell,

Ela dança, ora vacila, ora balança
Ela é passional mas fala como se fosse racional
Age de maneiras ambíguas e se convence de que é pragmática
Ela berra, chora grita mas não sabe se é real ou é a sua imaginação
Não quer ser amparada mas não suportaria não encontrar ninguém que a amparasse

Ela tem um eco
Um vazio
Um buraco
E uma promessa
Íntima e secreta: quer viver em dobro
Tudo e todos, de novo e de novo

Os invertebrados podem trocar de pele quando o seu corpo cresce
Mas ela precisa comprimir o seu interior, no seu corpo de menina
Ela tem duas vozes, ela tem duas vidas, ela tem dois corações que se fundiu em um
Deve ser por isso que sente tanto

Ela é impulsiva mas precisa ser contida
Ela é viva mas às vezes precisa se fingir de morta
Mas afinal o que ela deseja com a sua vida bipartida?
Por que não consegue encontrar a paz mesmo com a sua solução pensada, ensaiada e sobretudo convincente?
Ela quer ser menina ou quer ser mulher?
Afinal, o que ela procura?
Afinal, o que ela deseja?
Aliás, como pode encontrar se ela foge às vezes conscientemente, às vezes inconscientemente?
“Quem é a sua família?”, eu pergunto.
“Sou eu. Não, Todos são”, ela responde.
Ela quer queimar, fulgurar, arder em chamas
Ela quer aplacar de qualquer jeito a sua ânsia de viver

Mas eu digo: “garota, não tenha pressa. E mais, não tenha medo.”
O amor que procura lá fora está dentro de você
E ninguém, ninguém no mundo pode mudar e tirar de você
Respire fundo toda vez que o seu desejo gritar mais do que você
E sorria
Ninguém, ninguém no mundo pode ser maior que você.