terça-feira, abril 24

Cabides e sorrisos matinais



Com gestos automáticos, ela se levantou da cama e dirigiu-se até a escrivaninha para desligar o aparelho celular que tocava pragmaticamente. Um alarme pouco convidativo tocou exatamente às cinco horas e dois minutos. Olhou para aquele rosto sereno enrolado no grande cobertor claro e dando-lhe um beijo na testa, o cobriu até os ombros.
O carpete estava frio, calçou os chinelos e foi para o banheiro. Ao urinar, notou que o papel havia acabado. Adiantou um banho rápido e quente, imaginando o algodão úmido que faria no céu naquela manhã de terça feira.
Um alarme indie começou a tocar quando acaba de se enrolar na toalha. Caçou o celular que estava debaixo de seu travesseiro marcando cinco e dezesseis. Ativar o modo soneca. Em oito minutos haveria mais música. Havia uma certa obscenidade com os horários quebrados, que de certa forma eram muito divertidos.
Vestindo uma camiseta cinza e uma calcinha, aconchegou-se sob o cobertor na cama quente. Sentiu um estremecimento ao beijar aqueles brancos ombros que responderam com um abraço adormecido.
Ainda debaixo do cobertor, desligou o celular por três vezes, que eram respondidos com só mais dez minutos do lado masculino. Levantou-se e vestiu uma roupa. Suas coisas estavam organizadas, faltavam poucos detalhes. A calça de malha cinza era confortavel e prática. Olhou pela janela do banheiro, o céu estava coberto pelo tal algodão e um ar frio invadia o cômodo.
Voltando ao quarto, acordou quem já deveria estar de pé. Enquanto ela organizava as coisas, ele se arrumava. No vai-e-vem entre closet-banheiro-quarto se abraçavam e riam de algumas brincadeiras matinais.
O final de semana havia acabado e ainda estavam em festa. Humor e sono se misturavam em uma tentativa de se organizar para pegarem a estrada.
Um último panorama pelo quarto. Bolsa, pasta e sacola. Cabide, sorriso e chave. Mochila,  carinho e celulares. Tudo estava nos conformes. Foram para o carro sabendo que pegariam trânsito. Não importavam, tinham sede da vida e não tinham pressa para vivê-la.