Faz pouco mais de um mês que eu resolvi mudar. Sim, eu larguei tudo. Mais uma vez.
Em menos de uma semana, estava eu em uma nova cidade, reconstruindo sonhos e refazendo planos. Uma mochila cheia de esperança, um bolso com pouca grana e um coração bem aberto para as novas oportunidades. Mais uma vez eu me joguei de cabeça e resolvi dar chance para mim. Pensando em mim.
Não é questão de egoísmo ou qualquer coisa do tipo. Dizem que a gente só pode cuidar do outro, quando primeiramente cuida de si e é preciso estar bem para fazer o bem. Foi isso que eu vim fazer.. Eu não sabia muito bem atrás do que estava vindo, mas vim. Dei minha cara a tapa, vim me permitir.
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Na primeira semana, quando eu coloquei meu pé no chão e me perguntei "Que diabos realmente eu vim fazer aqui?", quando o dinheiro estava quase no final e eu não tinha ideia de que rumo eu ia tomar. Afinal, eu tinha um trabalho, estava na casa de amigos e tinha pouco mais de duzentos reais. Em pouco tempo, as coisas clarearam na minha cabeça e eu comecei a correr atrás de um lugar para mim. Em duas tentativas fracassadas, uns calotes recebidos, acabei encontrando por acaso o lugar em que me encontro hoje.
O quarto não é grande e ainda não tem a minha cara. A não ser pela bagunça ocasional que faço antes de ir para o trabalho e acaba se acumulando quando volto cansada e resolvo dormir.
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Me esforço para acordar cedo. Existe algo que me impossibilita levantar quando o despertador toca. Nas inúmeras tentativas de trocar o toque, cheguei ao ponto de selecionar o canto de um galo. Não funciona.
Quando penso que vou conseguir acordar cedo e participar das refeições comuns, estou enganada. Confesso conseguir este feito ocasionalmente, mas não sempre. Não mais que duas vezes por semana.
Quando penso que vou conseguir acordar cedo e participar das refeições comuns, estou enganada. Confesso conseguir este feito ocasionalmente, mas não sempre. Não mais que duas vezes por semana.
No caminho para o escritório, quase chegando. Tem um muro alto, com grade mais em cima. E de lá, ficam cãezinhos cantando uma musica de cachorro. Todo dia, sem hora marcada.. Eles fazem graça.
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As vezes me pego no terraço, agradecendo ao Papai do Céu e sentindo saudade de pessoas. Matutando sobre coisa ou outra. Respirando vida. Amém.