sexta-feira, setembro 14

à seco



Eu havia chegado cedo naquela noite. Eu nunca tinha estado ali, mas me sentia a vontade. Era só eu até então e outras pessoas que eu não conhecia. O ambiente era muito aconchegante, um café acolhedor, mesinhas pequenas e charmosas estavam à disposição de quem quisesse se acomodar. Paredes sutilmente enfeitadas, aquele ar vintage me deixava muito confiante.
Em alguns minutos chegou uma menina que parecia ser a garota mais meiga do mundo, aquela que todo cara gostaria de ter como namorada. Bonita, culta, bem vestida e irradiando uma mistura de charme com meiguisse sem tamanho. Ela se sentou a mesa ao lado, organizou algumas coisas em sua bolsa - não fiquei comendo com os olhos todos seus movimentos, mas reparei. Nesse remeleixo, tirou um livro de uma coleção ao qual eu possuo dois. Capa dura, azul, assemelhando-se à livros antigos, meio vintage.
Confesso não lembrar muito bem a ordem dos fatos daquela noite, eu estava um pouco ansiosa, fazendo coisas que ainda nem havia aprendido. Estava brincando de jornalismo e gozando a vida. Quando fui checar minha câmera notei que havia esquecido o cartão de memória da máquina fotográfica - como eu iria registrar? - e fui ao banheiro fazer alguma coisa. A menina estava lá, trocamos algumas palavras e depois estávamos sentadas na mesma mesa, conversando e comendo coisas deliciosas do café mágico.
Meio à nossas conversas, estava resolvendo a ausência do meu cartão de memória, fiz uns telefonemas e em poucos minutos ele chegaria para mim, lindo, memorável e 8GB. Conversamos sobre um pouco de nós, sobre o nosso motivo por estar ali, foi divertido. Eu pedi um quiche, e logo em seguida ela pediu outro. Acabei o meu e pedi um brownie que tinha certeza que não iria aguentar. Ofereci, estava uma delícia, só que eu havia acabado de comer um quiche de vovó e aí, fiquei empurrando o doce.
Pedi licença, fui resgatar meu cartão. Quando voltei, toda vitoriosa, tinha um rapaz conhecido dela próximo a nós. O convidei para sentar, todos sentamos e nos aninhamos em um universo nosso. Uma energia boa nos envolvia, contando coisas, falando de pessoas e ideias. Ansiosos pelo espetáculo que estava por vir. O amigo dela era uma pesso curiosa, aquele tipo de gente que você sente vontade de desmontar e montar novamente só pra conhecer cada peça, como um afetuoso brinquedo novo.
Pouco depois eu me dispersei, dei uma andada. Já estava perto de nove horas e o show ia começar. O espaço da recepção e do café já estávão bem cheios. As pessoas se aproximavam da porta principal e haviam seguranças contendo algumas pessoas. Tinha gente de todo tipo,  um público mix de folk, pop, indie e músicapopularbrasileira, gente.
As portas se abriram, as pessoas se acomodaram, o espetáculo ia começar. Para algumas pessoas aquela noite seria muito especial, para outras nem tanto. Eu fiquei com a sensação de que aquilo era mais familiar do que na verdade era e,  reveria muitas vezes  as pessoas que havia conhecido naquela noite.