Me fiz vento para acariciar o seu rosto nos entardeceres, e assim, pude arrepiar tua pele e envolver teu corpo todo. E
quando muito presente eu estava, você se escondia dizendo ter frio.
Me fiz sol para iluminar o seu dia e apresentá-lo
com as mais belas paisagens. Fazendo suas manhãs amenas e seu fim de tarde colorido. E quando irradiava alegria, você fugia pedindo sombra.
Me fiz nuvem para enfeitar o teu céu e sombrear o teu dia, formando desenhos de algodão e brincando com os raios de
sol e transformar o céu em aquarela. E quando me chocava comigo mesmo, eu
aparentava chuva e você corria com medo de se molhar.
Me fiz árvore para ser teu pouso e descanso
sereno. Na Primavera eu enfloreci, para demonstrar meu amor em cores e perfumes. No Verão
era sombra para os teus dias de Sol. Outono, me misturava com o vento e chegava
em qualquer canto que você estivesse para não te deixar sozinha. Te oferecia
sombra e frutos frescos com os melhores sabores que podia inventar. E ainda
assim, você arrumava algum jeito de preferir algo mais.
Voltei a minha forma real, concha do mar, e para beira da praia fui
à espera de ser carregado por uma onda. Já sem saber o que fazer para ter você
por perto e sem esperanças de te conquistar. E nessa espera desalmada, você me
aparece de pés descalços me escolhe e faz pingente, transformando-me em
amuleto, me deixando enfeitar teu peito e bem perto de teu coração.