terça-feira, maio 15

Mambembe

Entre o despertar e o adormecer existe um passo largo.
O ar dentro do quarto está pouco respirado. Dormir é transportar-se para o real e palpável.
Ao colocar os pés no chão, entra em um universo paralelo onde não se tem certeza de nada.
O primeiro gole d'água é recebido com uma sensação de estar vivo. Uma espécie de dejavú. Uma vez que essa dimensão consiste totalmente desconhecida. Onde não se pode voltar atrás e repetir, como no mundo dos sonhos. Lá sim possui vida. Podemos ir e vir quantas vezes queremos. Podemos sentir e re-sentir da maneira que quisermos. Lá nós temos o controle e até mesmo quando perdemos, o subconsciente toma conta de tudo com uma dose de ousadia.
Atividades pragmáticas são iniciadas para o bom andamento do tal passo largo. Pensamentos inúteis começam a fluir, o coração insiste em bater. O coração insiste em sentir.
Estimado é o momento de adormecer.
O tempo passa e é exigente, há tarefas a cumprir. Conforme o ponteiro se movimenta, as designações são cumpridas. Vai e vem. Volta e vem. Vai e volta. O ser humano é uma máquina muito estranha, cumpre tarefas sem consciência, sem empatia. Queria mesmo é estar no mundo dos sonhos. Onde tudo tem mais sabor e a queda livre não tem fim, deixando apenas a sensação de cair.