segunda-feira, dezembro 26

Entrelinhas


Passara da quarta ou quinta página e não queria saber de outra coisa. Os caminhos que desejava percorrer eram os detalhados nas páginas do livro. Seu maior problema era o drama descrito naquelas linhas. Quando o fechara, trocava o nome de seus familiares e amigos, sem ao menos perceber, pelos nomes dos personagens da história que estava vivendo. 
A noite, seu bem estar provinha dos sonhos reais - o das páginas. E ao acordar, vivia o pesadelo de sua realidade sem frases escritas. 
Chegou ao ponto indecifrável de sonho e realidade, numa situação incalculável do que era certo e o que era página. O que era seu e o que estava apenas escrito. Quem era e o que escrevi-sentia. Em determinadas noites era princesa épica lutando contra loucos contemporâneos, noutras era menino sem endereço com capa de chuva invisível. 
Perdera a noção de tempo e espaço e se achara nos livros. Onde cada vez mais tinha facilidade para solucionar problemas e viver aventuras devido à vasta experiência de páginas. Quando os olhos cansavam embalava-se na rede do sono e embarcava em um outro mundo. Mais uma página, outra... E outra.