segunda-feira, maio 14

De catorze à catorze

Você, que me olhava pelos cantos, pelos meios e intermediários curiosos. Você, meio torto, discreto e sorridente. Você cuja aura é clara e leve, que é mais o que o meio permite, que acolhe, alegra e esquenta.
Você na Páscoa, você no almoço, você lá em casa. No pensamento, na sala e na varanda. Na cozinha, com copo d'água e na cama. No chão, no jardim e pelo corpo todo. Com carinho, fervor e cumplicidade.
Você meio triste, meio bravo e meio pensativo. Você entre olhares, entre palavras e entre minhas pernas. Você esguio e distante, louco, irritante e criança. Na noite, no futebol e na dança. Com beijo, cigarro e palavra doce. De mala, cuia e amor para dar. Você por trinta dias, de catorze à catorze. Por um ano, pela vida inteira. Eternamente enquanto durar, você. E eu. Você e eu.  

Anita J. Valmett