- Eu estava na escola, era uma tarde amena e eu vi meu pai morrendo.
Qualquer pessoa que leia a primeira frase deste texto pode pensar mil coisas. A minha cabeça estava cheia demais e eu senti como se tivesse perdido meu pai. Ele havia morrido, ele estava em uma cama de UTI e eu não podia fazer nada! Foi uma memória de instante, mas o meu corpo absorveu a informação. Minha cabeça acreditou nessa mentira.
Juntei minhas coisas e contactei pessoas necessárias, arrumei a possibilidade de estar junto a ele. Na minha cabeça havia passado essa imagem e eu estava convicta do que estava acontecendo. Estava na escola e contei a notícia desesperada para o meu diretor. Cheguei em casa desesperada, conversei com a mãe de minha mãe, juntei as minhas coisas. No tempo de três horas eu estava dentro de um ônibus com o coração acelerado.
Assim que entrei no ônibus, liguei para a mãe do meu pai, inventando uma desculpa.. e dizendo que iria passar o final de semana lá e que seria o unico final de semana do ano que eu estaria livre. Sua resposta foi me dizer que estava na cidade vizinha.
Passei duas horas de viagem dando um jeito de arrumar um lugar para ficar, eu consegui. E assim que cheguei no meu destino, quando desci de um ônibus em um lugar totalmnte estranho o que passou pela minha cabeça foi a seguinte pergunta: " O que eu estou fazendo aqui?!"
Não me deixei abalar e segui em frente, mas para falar a verdade.. a minha fábula não durou nem vinte e quatro horas. No dia seguinte, quando eu estava no metrô recebi uma ligação da minha mãe e ela me fez apenas uma pergunta. " Aonde você está?". Nesse momento o meu mundo parou, é horrivel quando você é pega.. Muito mais quando faz as coisas por impulso e formula uma mentira fajuta!
Eu respondi trêmula com uma lágrima nos olhos. " Por quê?"
Nesse momento, eu me via em uma cena de filme. Menina foge de casa e esta no metrô quando é descoberta. O seu mundo desaba. Só eu sei o que senti.
Eu sei que não adianta eu explicar, mas eu sei o que estava sentindo. Eu sempre havia sido a menina dos sonhos. Inteligente, educada, boa filha. E eles me davama atenção só quando eu estava mal. Anteriormente só quando eu estava doente, e já que eu não ia me matar, resolvi sair para esparcer. Uma vez que você sempre assume as consequencias alheias, faz bem sentir a pele cortando uma vez que você mesmo se cortou. É muito melhor do que sangrar por um corte que não é seu.
O meu corpo projetou essa situação na minha mente para que eu resolvesse um episódio que estava acontecendo.