quinta-feira, setembro 22

Hemisférios diferentes,

Uma era água, a outra, fumaça. Uma era dia, a outra, noite. Cada uma em seu universo, se encontraram depois de muito tempo. Mas mesmo assim, longe. Ambas não se misturavam. O mesmo mundo, hemisférios diferentes. Realidades diferentes.
Uma era a caçula, a outra, sozinha. Uma pedia colo, a outra, era o colo desamparado. Uma sofria pelo amor perdido, a outra, pelo não encontrado.
A outra, louca, solta, pouca, berrante, inquieta. Uma calma, dentro, silneciosa, modesta. Se completavam com seus contrastes. Se falavam por telepatia, pelas estrelas e com o coração. Ambas almas perdidas, sem direção, rumo ou estrada.
Quem sabe um dia se encontrassem e mudassem as coisas? Quem sabe... Eram gelo e fogo. O estado ameno era a junção. A mistura. Mesmo que fosse em hemisférios diferentes.

Karen Garcia

Quando eu virar luz,

Em determinados momentos as pessoas recuam. Querem parar, desistir. Voltar atrás.
Quando percebem a situação, quando temem. Quando sentem um pouco mais.
Umas volta, outras não.
Eu gostaria de explodir dentro de mim. Ficar só corpo e morrer tudo o que fosse resto.
Até alguém perceber que sou oca, até meu corpo não se aguentar mais em pé.
Quero deixar essa amontoado de ossos de lado e viver como fluido.
Virar energia, sem apegos ou medos.
Apenas fluir e irradiar.
Eu quero poder mostrar a luz para os que temem. Para que eles não desistam.
Quero ser vida.

Karen Garcia

Primavera,



Cecília Meireles

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

É só acreditar,

eu acho que preciso estudar
sobre a vida
ou então encontrar um modo diferente de viver
não um modo diferente de viver, mas, fazer algo que faça a diferença
algo que preencha esse buraco no peito
mesmo que seja uma busca interminável
eu acho que a única coisa que eu acredito é em mim 
Karen Garcia