quinta-feira, setembro 27

Qualquer linha de raciocínio não se aplica, aqui vive-se o improvável e imprevisto.
E se tanto tentar entender, enlouquece. 
Quando tanto tentar ajudar, entristece. E se muito querer perto estar, desfalece. 

terça-feira, setembro 18

Cheia de mim

Tá sobrando eu nessa ilha, 
Tá sobrando mim naquele continente ali. 
Tá faltando espaço naquela praia para mim, 
tá sobrando vontade para seguir no rumo que tá faltando. 
Tô cheia de mim, assim 
Bem linda.
E não tem quem segure os meus impulsos infantis. 
Tô cheia de força e expectativa
Só não sei pra onde direcionar. 
Cheia de mim, assim. 
Bem eu, 
bem viva e incontida.
Sozinha e louca. 
Assim, toda
Cheia de mim. 

sexta-feira, setembro 14

à seco



Eu havia chegado cedo naquela noite. Eu nunca tinha estado ali, mas me sentia a vontade. Era só eu até então e outras pessoas que eu não conhecia. O ambiente era muito aconchegante, um café acolhedor, mesinhas pequenas e charmosas estavam à disposição de quem quisesse se acomodar. Paredes sutilmente enfeitadas, aquele ar vintage me deixava muito confiante.
Em alguns minutos chegou uma menina que parecia ser a garota mais meiga do mundo, aquela que todo cara gostaria de ter como namorada. Bonita, culta, bem vestida e irradiando uma mistura de charme com meiguisse sem tamanho. Ela se sentou a mesa ao lado, organizou algumas coisas em sua bolsa - não fiquei comendo com os olhos todos seus movimentos, mas reparei. Nesse remeleixo, tirou um livro de uma coleção ao qual eu possuo dois. Capa dura, azul, assemelhando-se à livros antigos, meio vintage.
Confesso não lembrar muito bem a ordem dos fatos daquela noite, eu estava um pouco ansiosa, fazendo coisas que ainda nem havia aprendido. Estava brincando de jornalismo e gozando a vida. Quando fui checar minha câmera notei que havia esquecido o cartão de memória da máquina fotográfica - como eu iria registrar? - e fui ao banheiro fazer alguma coisa. A menina estava lá, trocamos algumas palavras e depois estávamos sentadas na mesma mesa, conversando e comendo coisas deliciosas do café mágico.
Meio à nossas conversas, estava resolvendo a ausência do meu cartão de memória, fiz uns telefonemas e em poucos minutos ele chegaria para mim, lindo, memorável e 8GB. Conversamos sobre um pouco de nós, sobre o nosso motivo por estar ali, foi divertido. Eu pedi um quiche, e logo em seguida ela pediu outro. Acabei o meu e pedi um brownie que tinha certeza que não iria aguentar. Ofereci, estava uma delícia, só que eu havia acabado de comer um quiche de vovó e aí, fiquei empurrando o doce.
Pedi licença, fui resgatar meu cartão. Quando voltei, toda vitoriosa, tinha um rapaz conhecido dela próximo a nós. O convidei para sentar, todos sentamos e nos aninhamos em um universo nosso. Uma energia boa nos envolvia, contando coisas, falando de pessoas e ideias. Ansiosos pelo espetáculo que estava por vir. O amigo dela era uma pesso curiosa, aquele tipo de gente que você sente vontade de desmontar e montar novamente só pra conhecer cada peça, como um afetuoso brinquedo novo.
Pouco depois eu me dispersei, dei uma andada. Já estava perto de nove horas e o show ia começar. O espaço da recepção e do café já estávão bem cheios. As pessoas se aproximavam da porta principal e haviam seguranças contendo algumas pessoas. Tinha gente de todo tipo,  um público mix de folk, pop, indie e músicapopularbrasileira, gente.
As portas se abriram, as pessoas se acomodaram, o espetáculo ia começar. Para algumas pessoas aquela noite seria muito especial, para outras nem tanto. Eu fiquei com a sensação de que aquilo era mais familiar do que na verdade era e,  reveria muitas vezes  as pessoas que havia conhecido naquela noite.


quarta-feira, setembro 12

Diário de um dia






Acordei, vi nos eventos do Facebook que teria show da Roberta Campos no Teatro Rival BR, no dia seguinte já havia confirmado minha presença em outro show. Adiei os planos.
O show foi lindo, a energia de estar próxima. Após palco, espetáculo e músicas, pude conversar com ela. Falamos sobre sonhos, expectativas e realização. As fotos não conseguem expressar a alegria e o carinho. Obrigada, Roberta. Muita luz, realizações e alegria. 

Diário de um dia 

Aqui e alí

Vou ficar o tempo que preciso for pra te dar todo o amor necessário. Vou correr por toda terra a procurar seu olhar e o sorriso que é tão raro. A vida me fez pra ser feliz e o teu coração me diz o mesmo. Vou chorar, às vezes vou sorrir de amor, ser assim trazer o lado bom das cores. Vou somar os restos que você deixou, melhorar, reparando minhas dores. A vida me fez pra ser feliz e o teu coração me diz o mesmo... Solidão partiu, agora só você e eu aqui. Solidão partiu, agora só você e eu aqui, ali... pra ser feliz, pra viver, pra sonhar, pra sorrir ou chorar, assim, pra sempre... 

segunda-feira, setembro 10

Assim


Quantas e tantas vezes irei reler este poema. Tantas e muitas vezes publicarei este poema, esta mensagem, este suspiro amigo. 


Ela dança, ora vacila, ora balança
Ela é passional mas fala como se fosse racional
Age de maneiras ambíguas e se convence de que é pragmática
Ela berra, chora grita mas não sabe se é real ou é a sua imaginação
Não quer ser amparada mas não suportaria não encontrar ninguém que a amparasse
Ela tem um eco
Um vazio
Um buraco
E uma promessa
Íntima e secreta: quer viver em dobro
Tudo e todos, de novo e de novo
Os invertebrados podem trocar de pele quando o seu corpo cresce
Mas ela precisa comprimir o seu interior, no seu corpo de menina
Ela tem duas vozes, ela tem duas vidas, ela tem dois corações que se fundiu em um
Deve ser por isso que sente tanto
Ela é impulsiva mas precisa ser contida
Ela é viva mas às vezes precisa se fingir de morta
Mas afinal o que ela deseja com a sua vida bipartida?
Por que não consegue encontrar a paz mesmo com a sua solução pensada, ensaiada e sobretudo convincente?
Ela quer ser menina ou quer ser mulher?
Afinal, o que ela procura?
Afinal, o que ela deseja?
Aliás, como pode encontrar se ela foge às vezes conscientemente, às vezes inconscientemente?
“Quem é a sua família?”, eu pergunto.
“Sou eu. Não, Todos são”, ela responde.
Ela quer queimar, fulgurar, arder em chamas
Ela quer aplacar de qualquer jeito a sua ânsia de viver
Mas eu digo: “garota, não tenha pressa. E mais, não tenha medo.”
O amor que procura lá fora está dentro de você
E ninguém, ninguém no mundo pode mudar e tirar de você
Respire fundo toda vez que o seu desejo gritar mais do que você
E sorria
Ninguém, ninguém no mundo pode ser maior que você.

domingo, setembro 9

Domingo


Domingo. O dia da semana em que parece que a composição do ar muda. Não sei, talvez as moléculas de oxigênios fiquem mais espaçadas. Cansadas de vivirem pertos demais. Consequentemente, nós que respiramos esse ar, também ficamos mais espaçados por dentro? Deve ser por isso que no domingo dá uma preguiça danada. Mas é um bom dia para andar. Sentir a vida mais espaçada também. Porque na segunda tudo aperta de novo. Principalmente o coração.
Nick Farewell