quinta-feira, março 8

Quando eu chorei na Segunda Grande Guerra


Não há muito o que se esperar de uma quinta-feira de comum. A princípio um onibus tranquilo, depois um metrô lotado. Vagão feminino, dia internacional da mulher. Uma cidade efervecendo em mais um dia da rotina corrida. As pessoas não olham para o lado e raros são o que cumprimentam com "bom dia". 
Alguns minutos de espera, uma saudasa e produtiva reunião. Mais coletivo. O vagão do trem não estava tão sujo, entretanto não tinha lugar folgado para sentar. A tentativa poderia ser pior do que ficar em pé durante quarenta minutos de viagem. 
Pensei na profisão de fotógrafo, me imaginei um dia fazendo um booking do rio de janeiro, caso isso acontecesse, começaria a registrar a vida no trem. Uma representação muito justa ao meu ver. Eu começaria dos pés. Seria daquela fotógrafa que me deitaria e viraria do avesso para pegar um bom ângulo e focar uma boa imagem. 
"Próxima estação..." a minha. Do último vagão até a escadaria era um certo chão, tempo para arrumar o cabelo, ajeitar a blusa, pensar no calor e sentir fome. Em alguns poucos minutos estaria no ar condicionado do curso e os pensamentos iriam se esvair. 
Primeiro tempo, Geografia. 
Logo após a Alemanha ter sido considerada a malvada na Primeira Guerra Mundial, chega um cara que a abraça e reestrutura o país com poucos anos no poder. Isso depois de um bom tempo no fundo do poço, é uma oferta mais do que aceitável pelo povo alemão. 
As palavras do professor, toda sua gesticulação e enfase nas frases, fazem com que em pouco mais de meia hora de aula, comece a sair lágrimas dos meus olhos. Um choro segurado, pois chorar na sala de aula é coisa singular. 
Na verdade, aquela história que muitas vezes se le a respeito e que tanto se fala, tinha acontecido há pouco mais de setenta anos. Quase ontem na história da humanidade, matou-se desmedidamente em prol do dinheiro e principios egocentricos. Nesse pequeno espaço de tempo, milhões de pessoas deram a vida por causas que nem sabiam ao certo do que se tratavam. Tantas vidas fora dolorosamente roubadas. Anos de terror desde o ano de 1939 a 1941 na Europa. A palavra de poucas pessoas simplesmente mudava  o mundo. E mudou. 
No meu rosto as lágrimas rolavam sem soluço por timidez, mas a vontade era de gritar, mesmo sem entender a fundo o assunto. Tanta perversidade e crueldade em um cenário que podemos denominar "a pouco tempo atrás" quissá "ontem". 
Agosto de 1945, o apertar de um botão muda a história de um país, muda a vida de centenas de pessoas. Hiroshima é arrasada pelos Estados Unidos. Uma atitude marca dolorosamente a vida de muitas pessoas. Arrasa com a perspectiva de mundo de muitas crianças. 
Lágrimas mais densas começam a descer ao me dar conta de que esse genocídio cometido há alguns anos, é o que se faz atualmente de uma maneira menos trabalhosa e alardante: não dando as mínimas condições de vida para grande parte da população. Estamos vivendo um Holocausto.

Um comentário:

  1. Parece que não, mas se olharmos direito, as coisas se repetem, é claro que de uma forma um pouco diferente... mas repetem. Acho que é isso, agente nao quer olhar direito.
    :* Samara

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